O John inglês que todos conheciam era Lennon. O outro eu só fui conhecer nas aulas de inglês do colégio em 1974. A professora trouxe o texto num gravador do tamanho de uma caixa de fósforo.
Ouvi e mesmo sem tradução gostei do piano e do cantor. Era Elton John. A música me acompanhou o tempo todo e do ouvido não se afastava.
Mas “Pink” tinha algo diferente no arranjo que me fez persegui-la nos
manuais de inglês:
“I
don’t want to wake you
But I’d like to tell you that I love you
That the candlelight feel
Like a crescent upon your feather pillow...”
Fiquei anos buscando encontrá-la em lojas e nada. Sumiu das paradas e das rádios. O pianista, cantor e compositor inglês não a incluía mais em seu vastíssimo repertório de sucessos. Na verdade nunca o vi em shows adicioná-la no roteiro. Com enormes óculos e sentado em um piano branco vi o baixinho John se agigantar diante de multidões e trilhas sonoras de filmes fantásticos. Mas o piano suave de “Pink” ficou para sempre. Sucessos vieram um atrás do outro sempre com arranjos ousados. O outro John conquistou o mundo.
Quando pego o violão vou logo procurando um lá maior que introduz a canção. Poucos lembram dessa música, mas marcou com fogo os meus 14 anos, pois me acalmava e trazia lembranças de algo que eu ainda não tinha vivido. A impressão sonora foi a que ficou.
Nos anos 70 só deu Elton. Quase todas as rádios tocavam suas músicas ou porque estavam nas novelas ou em trilhas de filmes.
Mas “Pink” foi a canção que me apresentou para sempre o talento de Elton John. O outro John. Dizem que no nome traz uma homenagem ao ex-beatle. Pensei: os britânicos sabem produzir Johns. Os brasileiros também.
Paço do Lumiar (MA),
terça-feira, 23 de junho de 2020 às 07h42min09s
Nenhum comentário:
Postar um comentário